Equipe Pedagógica e Família:
Lidando com a adaptação da criança pequena na escola.[1]
Psicologia Escolar na Educação Infantil
Claudinéia da Silva Barbosa[2]
As transformações sociais tem levado a família a
passar por mudanças cada vez mais visíveis.
Isso tem influenciado na relação família-criança, na educação e no desenvolvimento
desde a primeira infância. O ingresso das crianças na vida escolar tem sido
cada vez mais cedo, inserindo-as assim no modelo de rotina do adulto. Hora de
ir para a escola, adaptação ao ambiente e à pessoas novas e consequentemente
maturação do comportamento.
Como já foi muito citada por diversos autores, a criança tem ritmo de desenvolvimento próprio. A realidade que precisam enfrentar diante das situações de separação devido ao ingresso e adaptação a novos ambientes, como por exemplo, a escola, segundo Bock[3] (1996, p. 8), “[...] dificuldade de entrar na escola deve ser vista não apenas como uma dificuldade do aluno, mas de sua interação familiar.” O que muitas vezes causam a preocupação nos profissionais escolares, pois isso gera dificuldades no processo de intervenção.
A situação em que uma criança de um pouco mais que dois anos, retornou à instituição educativa depois das férias, e que não queria entrar na sala de aula e agarrava-se à mãe, chorando e não a deixando ir embora, deixando a mãe preocupada porque não tinha acontecido isso antes, quando a criança tinha entrado a primeira vez com um ano e meio. Nesta situação há fatores delicados para serem considerados e mediados. O nível de maturidade da criança passou por mudanças, a relação construída com a família pode ter passado por momentos marcantes de estreitamentos (temporada de férias) entre outras situações sensíveis que possam ter ocorrido. A intervenção mais comum a ser feita é sempre o trabalho junto com a família desde a fase inicial de adaptação. Diálogo com a família e com a criança é estratégia fundamental. Evitar enganar a criança e dar ciência à família de que é preciso ter confiança na mediação escolar.
Ao receber a criança que ainda tem um vínculo muito forte com a mãe, é necessário que conversar com a família, conscientizando de que o comportamento da criança é natural e alcançará maturação em seu tempo, e o que a família pode fazer para ajudar nesse processo é trazer a figura paterna para está mais presente neste momento. Por exemplo, o pai levará a criança para escola, e mãe poderá buscá-la. Criar combinados com a criança, quanto a essa organização e cumprir o que foi acordado.
Quanto à situação em que a mãe, para ter certeza que a filha não sofria, vinha dar um “tchauzinho”, pois também não queria sair sem que ela soubesse, como se estivesse enganado a filha. Tem um lado positivo que é a compreensão de que não se pode mentir para a criança, e que sendo honesta, ganhará a confiança dela. Isso é respeitar os sentimentos da criança enquanto ser humano, que aprenderá a expressar-se com a verdade e emoções. Mas por outro lado causa desconforto em relação a dinâmica da sala de aula, desestabilizando a relação de integração que esteja sendo construída entre a educadora e a criança. Neste caso a intervenção a ser feita é o diálogo direto com a mãe, dando ciência da profundidade da situação e buscando refletir sobre a situação. Evitando que a criança acostume-se a situação de controle e perceba que é capaz de realizar.
Lidar com a adaptação da criança pequena na escola é uma tarefa delicada que precisa ser sensivelmente realizada, proporcionando a integração da criança ao grupo gradativamente. Pois para ficar com pessoas que possam substituir os pais, a criança precisa construir também uma relação de proximidade e confiança. Assim o sentimento de separação entre a criança e os pais, passa a ser desconstruído com mais segurança.
O sentimento de separação apresentado pela criança através de suas expressões emocionais também precisa ser algo compreendido pelas educadoras e pela equipe escolar. Isso favorece na forma de acolhimento durante a fase de adaptação. De tal modo as estratégias poderão se tornar mais eficazes quando a família e a equipe pedagógica trabalharem juntas e com a mesma compreensão buscando alcançar objetivos comuns.
Disponível também no site:
http://www.slideshare.net/azulestrelar/equipe-pedaggica-e-famlia-adaptao-escolar-claudinia-barbosa-md-5
Atividade do Módulo V – Ingresso e Adaptação Escolar – como auxiliar a criança e sua família no ingresso e permanência na escola, abordando a ansiedade de separação e condutas escolares que facilitam esse processo. Curso Psicologia Escolar na Educação Infantil. Coordenado pela Psicóloga Ms. Vivien Rose Bock. Centro de Aperfeiçoamento em Psicologia Escolar – CAPE / Núcleo de Educação à Distância.
[2]Pedagoga pela Universidade do Estado da Bahia – UNEB (2012) e Especialista em
Educação Infantil pela Universidade Internacional de Curitiba – UNINTER (2013).
[3] BOCK, V.R. O ingresso na vida
escolar in Professor e Psicologia Aplicada na Escola. Porto Alegre: Ed.
Kinder, 1996.
[4]Imagem de Elena Kucharik